Fórum TECH-i9: Simulação e gestão da produção são competências essenciais para vencer os desafios que se colocam às empresas
Segunda, 23 Setembro 2024
Voltar à listagemO Fórum TECH-i9 que, organizado pela CEFAMOL decorreu no dia 19 de setembro, no Centro Empresarial da Marinha Grande, refletiu acerca de dois temas considerados cruciais para o futuro da indústria: a Virtualização e Simulação no Processo de Conceção de Moldes e a Gestão da Produção. A discussão destes dois temas, que atraiu os profissionais da indústria, teve como objetivo apontar pistas para o incremento da eficiência e a competitividade do sector.
Na sessão sobre virtualização e simulação, João Caseiro (CENTIMFE) destacou a importância da simulação desde a conceção até à produção final, salientando que a utilização de ferramentas digitais é “essencial para prever defeitos e otimizar processos, reduzindo custos e aumentando a eficiência”. Apesar dos desafios, como o investimento em software e a complexidade das geometrias, defendeu que a simulação é “uma ferramenta indispensável” para a indústria.
No entender de João Caseiro, é essencial porque “gera conhecimento, permite explorar designs aumentando a eficiência, prever defeitos em fases iniciais do projeto” e isso resulta em “menos iterações de teste e correção”; logo “redução de custo de matéria-prima e de consumo, e otimização de sistemas funcionais (como controlo de temperaturas) e a redução do tempo de ciclo”. Considerou, no entanto, que este é um processo com “alguns desafios”, destacando, entre outros, “a formação, aprendizagem e conhecimento” e o “investimento em software e hardware”.
O debate com Teresa Neves (Simulflow) e Marco Ruivo (Sigmasoft), moderado por Artur Mateus (Universidade de Coimbra), reforçou que, embora as simulações nunca sejam totalmente fiéis à realidade, são uma peça-chave para melhorar a fiabilidade dos processos produtivos. Ambos os oradores enfatizaram a importância da “formação contínua” e da “integração de novas tecnologias”, como a inteligência artificial, para que a simulação seja eficaz e benéfica para o sector.
“Temos de saber e conhecer as limitações da simulação e, por isso, temos de a usar bem”, salientou Teresa Neves, considerando que “o conhecimento do utilizador acerca do processo e das capacidades da ferramenta é fundamental para o êxito do processo”. Por isso, e ao contrário do que diz ver acontecer nas empresas, considera que “quem manuseia esta ferramenta deve ser alguém com conhecimento no processo de fabrico e não um jovem acabado de formar”. É que, acentua, “a competência do utilizador é fundamental para assegurar a fiabilidade da simulação”.
Para Marco Ruivo, a fiabilidade consegue-se “investindo não apenas no software ou solução, mas, sobretudo, na formação, não apenas de uma pessoa, mas de toda uma equipa para trabalhar na simulação”. Só desta forma, no seu entender, o investimento na solução é rentabilizado.
Em relação à formação dos jovens nesta área, tanto Teresa Neves como Marco Ruivo consideraram que “falta um pouco mais da presença destas tecnologias na academia”, para que os jovens saiam com outros conhecimentos mais aprofundados.
As pessoas
A sessão dedicada à Gestão da Produção trouxe à discussão os desafios de "fazer mais com menos", conforme sublinhado por Irene Ferreira (Stream Consulting), na contextualização que fez ao tema, antes do debate. A gestão da produção é “crítica para enfrentar a concorrência agressiva, sobretudo asiática”, e para “reduzir custos” num sector onde questões como a subcontratação e os longos prazos de pagamento complicam a operação. Irene Ferreira destacou também a importância da digitalização e de ferramentas de planeamento mais eficientes.
No debate moderado por Pedro Custódio (Politécnico de Leiria), Rui Ângelo (GLN) e Manuel Novo (Erofio) realçaram que a especialização e a cooperação entre empresas são questões essenciais para aumentar a competitividade. Ambos concordaram que é crucial preparar as novas gerações para os desafios do sector, sendo a formação e o envolvimento dos jovens um ponto determinante para o futuro da indústria de moldes.
Esta questão em torno da importância das pessoas nas organizações acabou por dominar a sessão, com o público a colocar questões e a emitir várias opiniões, numa dinâmica interação com os oradores.
Para Rui Ângelo, “é essencial preparar as pessoas para a questão do planeamento e da digitalização”, considerando que “falta-nos paixão (no setor) para aquilo que fazemos, mas temos a responsabilidade de fazer a indústria de moldes mais atrativa”. Defendendo a necessidade de cativar a nova geração para as empresas, cada vez mais cedo, salientou que “temos de ser capazes de mudar e ser abertos à mudança”.
Manuel Novo lembrou que, no passado, “o profissional de moldes era uma classe de elite”, defendendo que “é preciso criar mais valor acrescentado e trabalhar para que este volte a ser um sector distinto e atrativo para os jovens”.
O Fórum TECH-i9, que terá ainda uma edição em Oliveira de Azeméis (data a confirmar), conta com o apoio da Newserve, Sigmasoft e Tebis.