Fórum Market Days destaca novas áreas de negócio e mercados a explorar
Sexta, 27 Junho 2025
Voltar à listagemÉ urgente diversificar mercados, captar clientes com novas estratégias e antecipar tendências. Por outro lado, a transformação energética, os investimentos na defesa ou as exigências da sustentabilidade estão a abrir novas oportunidades para a indústria portuguesa de moldes, a título de exemplo, no sector das baterias. Estas foram algumas das principais conclusões da mais recente edição do fórum Market Days que, promovido pela CEFAMOL, decorreu dia 26 de junho.
Reunindo um painel de especialistas no Centro Empresarial da Marinha Grande e perante uma plateia composta por cerca de sete dezenas de profissionais do sector, o evento apresentou uma visão prática e atualizada sobre os caminhos de internacionalização da indústria, explorando os desafios colocados pelos mercados europeus, as ferramentas comerciais e as possibilidades existentes em novas áreas industriais. A urgência de agir no presente para garantir lugar nestas cadeias de valor foi transversal às intervenções.
“Temos uma janela de oportunidade que não vai durar para sempre”, alertou Fernando Machado, responsável pelo Battery Cluster Portugal, destacando o potencial do sector das baterias para a indústria dos moldes e plásticos. “As baterias são fundamentais para o futuro energético da Europa, e Portugal está a posicionar-se com a cadeia de valor completa”, disse, referindo investimentos em curso como, entre outros, a fábrica da Calb em Sines e a refinaria de lítio em Estarreja.
O orador sublinhou ainda a importância de envolver desde já a indústria de moldes, considerando esta como uma oportunidade muito importante. “As baterias precisam de invólucros seguros, feitos com plásticos e moldes, e isso é uma oportunidade concreta para quem souber antecipar o movimento”, defendeu. Com 56 entidades já envolvidas no cluster, algumas ligadas ao sector, o responsável reforçou que “se as empresas entrarem agora, entram no início do ciclo e assumem, por isso, uma posição mais importante na cadeia de valor”.
Desafios nos mercados
No painel dedicado aos mercados europeus, Miguel Fontoura (AICEP Suécia) caracterizou a Suécia como “uma potência industrial com foco crescente na sustentabilidade”. Apesar da sua dimensão limitada para a indústria de moldes, considerou que há oportunidades a explorar, particularmente em áreas como a mobilidade elétrica, dispositivos médicos e aeronáutica. “Portugal é visto como um parceiro de qualidade e estar na UE é uma vantagem competitiva que deve ser usada, sobretudo nos moldes de precisão”, salientou.
Já Pedro Patrício (AICEP Reino Unido) chamou a atenção para o “extraordinário potencial” do mercado britânico, apesar das incertezas geopolíticas. “É um colosso económico onde as empresas importam mais de 80% dos moldes que utilizam. Há muito por conquistar”, sublinhou, destacando oportunidades nos sectores automóvel, ferroviário, aeronáutico e dispositivos médicos. “Nunca desvalorizem este mercado. A proximidade com as OEM está a aumentar e o sector da defesa está em forte crescimento”, enfatizou.
No segundo painel, centrado em estratégias de captação de clientes, Andreia Jotta (Yunit Consulting) reforçou a importância do branding para empresas B2B. “Num sector onde todos moldam peças, só alguns moldam perceções. E essas são fundamentais para conquistar mercado”, afirmou. Considerou que muitas empresas se focam em marketing, esquecendo o posicionamento estratégico, lembrando que “o branding é o que abre a porta da frente dos mercados”.
Já Nuno Caetano (Coaching361) levou a reflexão para o plano humano, lembrando que “não se vende apenas com técnicas, vende-se com consciência”. Classificou como essencial que os comerciais se vejam como agentes de confiança e diferenciação, lembrando que “os negócios são feitos entre pessoas”. Por isso, defendeu, “o futuro passa por competências emocionais, consistência e clareza de propósito”. Deixou ainda um alerta provocador: “O mercado mudou. E os vossos comerciais, mudaram também?”
Com esta ação, a CEFAMOL voltou a afirmar o seu papel estratégico no apoio à internacionalização das empresas do sector, promovendo um espaço de reflexão sobre novos mercados e áreas emergentes de negócio. Ao reunir especialistas, partilhar experiências e lançar pistas concretas de ação, a associação reforça a sua missão de preparar a indústria de moldes para os desafios de um futuro onde a “única certeza é a incerteza”, como defenderam os oradores dos diversos painéis.